If you've been following my words, thanks a lot. I really appreciated writing Historias da Lawrence University and I definitely learned a lot. Now let me introduce you to my new blog: Rebecca Carvalho. I hope I'll see you there.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Capitulo 13 -- Comida Mal-Cheirosa (…Para Nao Usar a Cruel Palavra Fedorenta)

Eh Thanksgiving nos Estados Unidos – oque quer dizer que os meus camaradas Lawrentians foram visitar os pais e outros parentes. Eu mesma, ate hoje cedo, estava na casa da minha Friendship Family.

A questao principal eh que quem por aqui ficou (…uns poucos Moicanos) precisou / precisa arcar com um pequeno detalhe: Downer Commons fechado ate domingo! Oh ceus, o que fazer? Na semana anterior ao feriadao puder ouvir muitas teorias sobre como sobreviver sem a cozinha do Downer (que ja esta fazendo falta, e que ninguem mais reclame da comida deles!). O meu amigo Thai, por exemplo, contratou os servicos da irma mais nova – que esta aqui no campus exclusivamente para cozinhar para ele, critique quem criticar. E a Jaz, entao, que comprou toneladas de macarrao pre-pronto..!

O Thai e a Jaz devem estar se virando como podem, mas – sem querer ser cruel – ha quem nao tenha o menor talento para sobrevivencia na selva. Essa noite quando desci para o meu amado (como senti saudades dele!) laboratorio de informatica, tive minhas narinas IMPIEDOSAMENTE invadidas pelo cheiro delicioso que vinha da cozinha. Torci o nariz – “Que cheiro ruim!”, murmurei em Portugues, comprovando a teoria do Michael de que quando solto algumas palavras rapidamente na minha Lingua nativa nunca eh um bom sinal.

Sentei na cadeira, aborrecida. Seria o meu mau-humor por ter jantado brigadeiro? Considerando que ficara comendo doces a maior parte do tempo na noite anterior, e que tivera um mau resultado no dia seguinte. Ou sera que era o resultado de poucas noites de sono? Preocupacao pela aproximacao das provas? Irritabilidade pelo frio nos pes (…por que nao desceu de meias?!)? NAH, nao era meu humor de lua – era a comida fedida, mesmo, que incensou o laboratorio…!

Ninguem merece…
…e Feliz Thanksgiving!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Capitulo 12 -- As Brumas de Ava…Lawrence


Trilha Sugerida:




Ha algumas noites, num belo efeito, a Lawrence University ficou envolta em brumas, como as que envolviam Avalon. Quando sai para jantar a nevoa estava fina, mas ao retornar do Downer Commons encontrei o caminho de volta com visibilidade baixa. Para achar o percurso quase usei a tecnica da Morgana, erguendo os bracos, para logo em seguida abaixa-los – assim disipando as brumas…


Mal se via a bandeira dos Estados Unidos fincada no topo do Main Hall. Lembrei-me de uma conversa boba que tive com nao-lembro-quem sobre algum dia cravar a bandeira brasileira ao lado da americana – logicamente nao faremos isso (…sera?), mas imaginar a bandeirinha verde tremulando num dos pontos mais altos do campus foi certamente uma bela imagem.

La estava o Ormsby Hall, parado no tempo, envolto por brumas leitosas, como se o gigante do ceu – das historias que meu primo Jorge costumava me contar quando eu era crianca – houvesse se debrucado demais para ver o que nos, Lawrentians, estavamos a fazer. Suas barbas, muito brancas, sobre nossas cabecas.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Capitulo 11 -- “Ah, era so um fantasma…!”


Trilha sugerida:



As minhas aulas de Arabe sao no subsolo do Main Hall, que eh o predio de Humanas da Lawrence University – um dos mais antigos no campus; e como o Ormsby Hall… igualmente cheio de manias e misterios!

Hoje no meio da aula ouvi um barulho esquisito vindo do corredor – como um choro fino de mulher, ou um grito curto… Aparentemente apenas o professor Verita e eu ouvimos. Arragalei os olhos, sentada na primeira fila, como ele – que nesse exato segundo coincidentemente estava olhando para mim.

-- Ouviu isso? – perguntei, fazendo minha cara de “Uai, Medo..!”.

-- O que foi isso? – disse ele, tambem intrigado.

A essa altura a turma toda ja havia silenciado – Nao sei, mas so sei que foi bem estranho!

O professor Verita, que eh um italiano alto (…e corajoso, agora eu sei) la pelos seus quarenta anos, deixou a bancada onde estava o computador no qual controlava os slides, e foi checar o que havia provocado o esquisito choro – grito – ou afim. Da minha cadeira quase gritei “Esta maluco, professor? Nao va!!!”.

Um segundo depois ele retornou – sorriso de Thiago Lacerda interpretando o Giuseppe Garibaldi em A Casa das Sete Mulheres:

-- Ah, era so um fantasma..!

O som do meu suspiro amedontrado ainda ecoa na sala 05, Main Hall, da Lawrence University…

Capitulo 10 -- O Diario da Princesa


Trilha sugerida:



Voce ja imaginou o que eh descobrir-se herdeiro de um trono de um pequeno reino europeu..? Pois isso aconteceu comigo!

…brincadeira! Nao, isso na verdade ocorreu a Mia Thermopolis, no livro O Diario da Princesa, da escritora Meg Cabot, que eu li ha alguns anos, no Brasil. Outro dia estava assistindo aqui na Lawrence aos filmes de mesmo nome, baseados nos livros, pela centesima vez – e fiquei pensando em como seria interessante ser responsavel por um reino. Logico que a responsabilidade seria grande, mas no todo muito recompensandor colocar em pratica a ideologia que trago no coracao.

Quando se tem voz, como uma rainha, para expressar no que se acredita eh um verdadeiro milagre! No fundo estar aqui em Appleton tem me feito monarca da minha propria vida – resta agora tomar as decisoes certas para que nao apenas eu seja feliz, mas todos ao meu redor.

sábado, 15 de novembro de 2008

Capitulo 9 -- Dia de Jovem Embaixadora


Sugestao de trilha:






Certa manha estava atrasada para a primeira aula do dia: Analise Literaria, 9:00am, no Main Hall. Levantei da cama apressada, aborrecida por ter que deixar as cobertas quentinhas, e enfrentar um dia frio de fins de outono.

Olhei a gaveta com as roupas, indecisa. O que vestir? Nao havia muito tempo para pensar nas tendencias da moda outono-inverno. Revolvi os casacos e, como surgido das profundezas do meu coracao, avistei uma adoravel logomarca – a tatuagem que trago na alma: Jovens Embaixadores. “Mas Rebecca, voce deve usar a camisa do programa apenas quando estiver em missao!” – ouvi o grilo falante pulando no meu ombro direito. Ah, por que nao…? Enfiei um sueter vermelho, e meti a camisa dos Jovens Embaixadores por cima.

Sai do Ormsby Hall me sentindo totalmente Youth Ambassador. Quando visto a camisa do programa sinto-me pronta para trazer luz ao mundo, vida! Sinto-me forte o suficiente para fazer a diferenca, e nada pode me deter! Lembro do encontro com a primeira-dama Laura Bush; das conversas com congresistas; do bate-papo com o embaixador do Brasil nos EUA; das perguntas do embaixador Sobel; da alegria em poder passar um pouco da minha cultura, e entender os costumes alheios. E… principalmente… lembro dos amigos queridos de uma vida – os Jovens Embaixadores!

Entrei na classe de Analise Literaria com essa sensacao poderosa, e apos alguns minutos de aula la estava a profesora Barrett elogioando meu desempenho: “A Rebecca ja disse coisas inteligentes demais sobre os sonetos de Shakespeare” – e lancou-me um belo sorriso. “Agora quero ouvir as ideias de voces. O que? Ah, parece que concorda totalmente com a Rebecca, Evan!”.

E o dia transcorreu belo como a missao dos Jovens Embaixadores: 1. Consegui renovar um livro na biblioteca; 2. Ensinei a uma aluna como estudar a metrica dos poemas ingleses e de Petrarca; 3. E estava com uma boa sensacao quanto ao teste de Arabe que teria no dia seguinte (…que, por sinal, acabou sendo excelente!).

O peso na consciencia por ter usado a camisa do programa fora de uma ocasiao especial se dissipou facilmente… Existe missao maior que representar a propria cultura em terras estrangeiras? Tenho sido jovem embaixadora desde o dia 12 de setembro!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Capitulo 8 -- Videocassetadas da Lawrence


Trilha sugerida:



O que acontece numa noite muito fria com uma leve chuva? O chao ganha fina camada de gelo!!! Lembre-se sempre disso – pode salvar vidas!

Outra noite ia feliz no caminho para o Trever Hall:

-- Je suis Rebecca. Je suis vingt ans. Je suis Brésilien! – Vinha repetindo a frase em Frances com orgulho, que o Shekh, do Senegal, me ensinara 1 segundo atrás (…achando-me pronta para ir para a Franca, ou Senegal!).

Eis que entre um “Je suis” e outro senti meus pes deslizaram como numa pista de patinacao, e se nao fosse pelo Shekh, que vinha “Oui… oui…” bem ao meu lado – num belo sotaque Michel de Gilmore Girls – eu nao sei o que teria acontecido comigo…

Capitulo 7 -- Cuidado… animais selvagens!


Trilha sugerida:



Na Lawrence University tenho visto animais que normalmente nao se encontra facilmente andando pelas ruas do Brasil. Eh sempre extraordinario estar indo para a aula e cruzar com um esquilo correndo com uma noz entre os dentes; ou mesmo dar de cara com um robusto guaxinim, saido do meio dos arbustos numa fria noite de fim de outono.

Todavia… cuidado! Esses animais adoraveis podem ser mais selvagens do que se imagina! Para mim, amante dos bichinhos, eh uma grande frustracao ter que dizer isso: Mas dessa vez nao posso dar uma de Tarzan. Eis algumas experiencias ruins:

1) Outra noite, na entrada do Ormsby Hall, fui literalmente atacada por um morcego. O bicho passou voando perto demais da minha cabeca, e la estava eu correndo abaixada para esquivar-me do rato voador (…sem mencionar o grito de susto que emiti). Mas o que foi que eu fiz para ele me tratar de maneira tao ultrajante?!

2) Estava voltando do Plantz Hall, onde a minha amiga Mya mora, quando ouvi o silvo de uma coruja. Parei, ignorando a garoa gelada que lavava a Lawrence. Olhei ao redor, mas nao a vi. Outro pio. Dei alguns entre as arvores que emolduram o caminho para o conservatorio – todas estao peladas, prontas para o inverno. “Cade a coruja?”, perguntei em voz alta, achando estranho que o passaro pudesse estar encarapitado num galho nu, sob a chuva fininha que caia. Apos mais alguns passos ouvi novo silvo, dessa vez mais forte – nao sou o Dr. Dolittle, mas ouvi claramente o animal dizer “Nao se aproxime!”. Com medo de arcar com as consequencias, achei melhor retornar ao meu quarto.

3) Hoje retornava do Main Hall (Predio de Humanas da Lawrence) quando ouvi dois sibilos assustadores. Olhei para uma arvore, e logo pude ver dois “adoraveis” esquilos se desentendendo de maneira epica! “Por que isso, caras? Sejam amigos!” – e fiz uma anotacao mental de que essas criaturinhas podem ser bastante… nao-amigas.

Aqui tambem eh facil encontrar ursos, apesar de eu nunca ter o visto – a nao ser num zoologico de Madison. Diante da minha alegria com os bichos, o Michael disse preocupado: “Hmmm… Caso voce esbarre com algum por Appleton, nao seja tao amigavel…”.

Sim, senhor!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Capitulo 6 -- A Camara Secreta da Lawrence University


Trilha sugerida:



A Lawrence University possui uma serie de predios do seculo XIX. Como havia de ser, construcoes antigas tem la as suas manias, os seus misterios, os seus segredos a desvendar.

Eu particularmente sou uma pessoa extremamente interessada em portas. Acho que tenho uma queda por elas. Quero abrir todas, descobrir o que ha por tras, encontrar mensagens deixadas por Lawrentians das primeiras turmas.

O Ormsby Hall eh de 1888, e diferente dos outros dormitorios, o chao dele range de maneira irritante. Voce sempre sabe quando ha alguem cruzando o corredor. A minha sorte eh que moro no 3º andar, e acima de mim so ha o sotao. Na primeira noite em que dormi na escola mal consegui pregar os olhos, mesmo tao cansada pela longa viagem: Alguem andava para ca e para la, fazendo pequenos barulhos que vinham do teto. Lembro de ter pensado “Que coisa mais chata, sao 2:00 da manha!”. Mas logo lembrei que nao haviam alunos morando acima de mim.

Nos ultimos dias, com toda a magia trazida pelo Halloween, dei para querer saber o que guardam la em cima. Para a minha alegria descobri a porta que leva a escada do sotao – mas, eh evidente, trazia um cadeado imenso. Testei minha chave-mestra; mas ela apenas entrou na fechadura… nao girou. E eu desejei tanto encontrar, por acaso, a chave certa, que acabei sonhando com ela.

Hoje, no entanto, quando retornava da aula de Literatura, levei um susto: O cadeado havia sumido! “Esta aberta…!”, exclamei, esquecendo que estava com pressa de ir pegar minha ultima redacao para uma revisao mais apurada. Nao havia ninguem subindo as escadas, ou no corredor. Poderia muito bem entrar la sem ser vista, e ir direto para o sotao do Ormsby Hall – todavia, quando me aproximei mais da dita porta ouvi que havia alguem por ali; provavelmente um empregado da Lawrence vindo do sotao.

Adentrei o corredor rapidamente, para nao levantar suspeitas. Entrei no quarto, peguei o que precisava, e retornei na esperanca de encontrar o lugar vazio. La estava o cadeado outra vez! Bati o pe em consternacao.

“Ja trancada outra vez?! Um segundo atrás estava aberta…” – reclamei em Portugues, e deixei Ormsby me perguntando se tudo nao havia passado de fruto da minha imaginacao.

Capitulo 5 -- Fala Portugues? Hmmm… Sexy!


Trilha sugerida:



Voces, brasileiros, portugueses, e cia, ja imaginaram que sao as pessoas mais sexy do mundo? A teoria eh a seguinte: Falou Portugues… sexy eh!

Outro dia estava conversando com um amigo da Lawrence, apos o jantar, e sem querer quase falei uma palavra em Portugues. As vezes isso acontece, eh normal – ontem mesmo, porque passei muito tempo conversando em Espanhol com a Drift, respondi “Si”, em vez de “Yes” ao Kelly.

-- Opa, desculpa! Quase falei em Portugues com voce!

-- Nao, nao se preocupe – disse ele – Ou melhor, fale comigo em Portugues.

Nao lembro o que eu falei, mas provavelmente foi “Portugues nao eh assim tao dificil”, e ele ficou la parado, olhando para mim com a expressao mais sonhadora do mundo. Eis que me vem com..:

-- Sexy…

Cai na gargalhada. “Eh so uma Lingua, duh!!!”.

-- Nao me venha com ‘Eh so uma Lingua’. Sou eu quem estou ouvindo, sim? Entao EU digo se eh sexy ou nao.

Ve se pode…? Ouviram, brasileiros? Facam bom uso da Lingua..! (sem duplo sentido…)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Capitulo 4 -- Professor Harry Gandalf


Trilha sugerida:



As aulas de Relacoes Internacionais normalmente sao bastante animadas com as piadas do professor Brozek, que nao mede esforcos em fazer florecer as sementes dos tratos entre os Estados nas nossas mentes jovens.

Hoje ele estava incrivelmente inspirado com as aulas em Economia, que nao sao das mais atrativas comparadas as licoes de “Por que as guerras comecam?”, e “Como explicar uma guerra em sete palavras” do mes passado:

Apos tres exemplos ilustrando os tipos de Economia, o professor nos pediu para parar um momento e observar o que ele havia acabado de propor com os numeros, chegando ao estado de Livre-Comercio, num acordo entre dois paises ficticios A e B. Prendemos a respiracao: Ali estavam os mesmos numeros, mas como resultado de acordos mutuos entre governos! Os paises se ajudando e diminuindo as taxas alfandegarias. Eu, que estava sentada na primeira fila, abri um desses sorrisos de quem assiste O Senhor dos Aneis e descobre que o Gandalf nao morreu.

-- Eu sou o mago dos numeros! – exclamou o professor Brozek, sacando o giz e tracando um raio na testa. – Quero que me chamem de Gandalf, o Branco!

Capitulo 3 -- Ramses


Trilha sugerida:


Ja tive um gato tao amarelo quanto um raio de sol. Chamava-se Ramses, e era especial por essa pelagem canela, brilhante – porem havia algo a mais: Ele so tinha tres patinhas, mas conseguia correr mais rapido que qualquer outro gato.


Essa noite jantei com os Kozaks, que me levaram a casa do irmao da Deb (minha host mother em Wisconsin) para uma noite de pizza e sobremesa. “Temos dois gatos”, disse-me a prima da Casey. Pulei de alegria. Que saudades dos meus cinco gatos! No carro fizeram-me enumerar todos os nomes, e la estava eu..: Pok, Milk, Pinhozinho, Nina e Belly…


Adentramos a feliz residencia, que trazia a lareira acesa por esse outono ja com ares de inverno. Kyra sentou-se no sofa, e agarrou um gato amarelo como o Ramses. Corri por sentar-me ao lado dela. O bichano olhou-me com seus olhos cor de ambar. “Ei, voce parece com o Ramses…” – pensei, e tambem no quanto a minha mae teria ficado feliz por ve-lo. Ela tinha muito carinho pelo nosso gato.


Com a movimentacao das pessoas vindo cumprimenta-lo, saiu correndo. Arregalei os olhos, mas nao porque a Kyra disse “Sim, ele eh meio maluco” – mas sim porque reconheci de primeira aquela maneira de correr trotando. O gato, tao amarelo quanto o Ramses; tao rechonchudo quanto o Ramses; de olhos tao redondos e brilhantes quanto os do Ramses; tinha apenas tres patas, exatamente como o Ramses…!


-- Inacreditavel… -- suspirei, achando-me sortuda demais. Quantas vezes temos a chance de reencontrar amigos queridos que ja se foram?

Capitulo 2 -- Bem-vinda, Neve..!


Sugestao de Trilha:
Quando acordei no sabado nao imaginava as boas surpresas que teria ao final do dia. La estava eu mais uma vez no meu esconderijo: O laboratorio de computacao do Ormsby Hall. Quase pronta para desligar o computador, uma janelinha de bate-papo surgiu vinda dos confins da Lawrence University. “Hi” – disse-me a pessoa mais inesperada. Franzi a testa, surpresa. “Hey!”, respondi de volta.
(…)

Subi as escadas correndo. “Nao acredito, nao acredito!” – feliz demais pela oportunidade de rever um amigo querido apos 1 mes sem contato. Peguei um casaco no quarto, luvas, e um gorro – ja passava das 11:00pm e deveria estar bem frio. Sim, estava… E o mais iscrivel: Estava nevando!
Fui caminhando como os bracos abertos, disposta a me deixar envolver pelo maior numero possivel de floquinhos, que rodopiavam com o vento. As arvores esqueleticas da Lawrence balancavam gentilmente, projetando sombras no caminho por onde eu seguia – Numa outra noite, no mesmo lugar, fui surpreendida com a aparicao de um guaxinim.
Alguem se aproximava a passos lentos. Alto, um sobretudo preto tao longo que lhe caia como um vestido. Estreitei os olhos… Quem seria voce? Outra pessoa tambem admirando a neve cair? Mais alguns passos e reconheci-lhe o rosto, emoldurado por um gorro escuro.

-- Ah, mas que chance! – disse-me ele, sorridente.
-- Fico feliz por ve-lo – respondi.

E ambos ficamos parados sob a luz de um poste. E os pedacinhos brancos continuaram a cair do ceu, como perolas do colar de alguma deusa do tempo. Bem-vinda, Neve…

Capitulo 1 -- Trolls no corredor do subsolo


Trilha sugerida:
http://www.youtube.com/watch?v=wgcwsZ8tRE8)

“O seu nome parece com o de um personagem saido de um livro!” – disse-me uma senhora certa vez. Que tipo de livro poderia ser, fiquei pensando. Um livro cheio de misterios e fantasia, a verdade eh essa. Em que outro romance estaria eu senao nessas historias?
Hoje estava no subsolo do predio onde moro, o Ormsby Hall, usando um computador do laboratorio de informatica, quando os vi. Dois garotos altos, vestidos de preto. O que ha de mais nisso? As mascaras assustadoras – cabeludas, transfiguradas, de homens narigudos… quase trolls, eu diria!

Em meu rosto formou-se uma bela interrogacao. Um deles acenou para mim de uma maneira lenta, enigmatica. Nao acenei de volta, simplesmente voltei a fixar o olhar na tela do computador, tensa. E enquanto eles se afastavam pelo corredor comprido, voltei a mira-los: As duas figuras saiam pela saida de emergencia que da para os fundos do predio. O que estariam aprontando?